Cláudio Castro e a carnificina como política de segurança pública
Depois de declarar Jesus como Guardião do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro nomeou o diabo como chefe de operações policiais
Sessenta e cinco é o número de mortos em virtude da operação policial deflagrada nesta terça-feira contra o Comando Vermelho no RJ. Um número que precisa ser analisado com muita atenção, principalmente, num país onde a pena de morte não vigora - pelo menos, de direito – mas que a irresponsabilidade de um governante impera, colocando em risco milhares de pessoas inocentes. O caos na segurança pública do estado não é nenhuma novidade, mas o Governador da distinta província balneária na qual resido, confiante em sua necropolítica, sempre bateu no peito e falou que tudo estava sob controle.
Como numa propaganda do governo veiculada em 2023, onde o governo diz que investiu 1 bilhão de reais na área, levando o estado ao "menor índice de letalidade nos últimos 32 anos" e afirmando que no Rio de Janeiro "os criminosos não vão ter vida fácil" Aliás, nem eles, e nem a população carioca, que no dia de hoje se vê refém de duas facções criminosas que lutam pelo controle do território: O Comando Vermelho e o próprio Governo do Estado. Um governo que ao mesmo tempo que diz combater o crime, posa na foto com ele demonstrando uma relação amistosa entre ambos.
Como revelam os diversos cliques onde o governador Cláudio Castro, e o deputado estadual Thiego Raimundo de Oliveira, conhecido como TH Jóias - preso em setembro acusado de lavar dinheiro e fornecer armas para o Comando Vermelho - aparecem abraçados, sorridentes e aparentemente cúmplices. Os dois aparecem juntos em agendas do Governador, como durante uma cerimônia de formação de uma nova turma de policiais militares este ano, e na entrega de apartamentos para 175 famílias do Complexo do Alemão - comunidade que sofreu a sangrenta operação policial desta terça-feira – onde TH anunciou ao lado de Castro, a instalação da operação Segurança Presente na região.
Ainda como deputado, TH Jóias participou de uma reunião da Comissão de Segurança Pública que discutia o uso de drones por bandidos, sendo mais tarde apontado como fornecedor dos mesmos equipamentos para o crime organizado que pretendia combater. Apesar dessa estranha ligação, o governador agora tenta culpar o Governo Federal pela violência que a sua incompetência como gestor não consegue conter, dizendo que Lula lhe negou a ajuda e apoio no momento em que diversas vias e pontos do estado foram fechados pelo crime organizado. Vale lembrar que Cláudio Castro foi um dos governadores que se insurgiram contra a PEC da Segurança Pública apresentada pelo Ministro da Justiça, sob a alegação de que ela era inconstitucional, usurpando competências, e que faria os Governadores perderem a autonomia no controle sobre as polícias.
Ao invés de assumir, de fato, o governo do seu estado e dar uma satisfação à população sobre o terror que o crime organizado impôs nas ruas, Castro tenta politizar a questão e transferir a responsabilidade para Brasília. Uma jogada que visa comprometer a reeleição de Lula, jogando o presidente contra a população do Rio de Janeiro. Puro suco de uma extrema-direita covarde, mentirosa, omissa, incompetente e burra, que ainda aposta na teoria do “bandido bom é bandido morto”, desde que o bandido não seja um de seus aliados políticos. Serviço de inteligência não existe dentro de um governo que faz da morte a sua política de segurança pública. Investimentos em educação, projetos sociais, e na promoção da dignidade para a população mais vulnerável, nem pensar. É melhor eliminar essa gente do que investir na sua inclusão na sociedade.
Se tentar responsabilizar o governo Lula não surtir efeito, Castro já tem outro alvo para jogar a culpa da sua incompetência: Jesus Cristo. Para quem não sabe, em 12 de junho deste ano, o governador chacineiro sancionou uma lei nomeando Jesus como o "Guardião do Estado do Rio de Janeiro", atendendo ao projeto de Lei 5.738/2022, de autoria original da deputada Tia Ju (Republicanos). Observando o caos social instaurado no estado em função da violência imposta por facções criminosas, devemos concluir que, ou Cláudio Castro, ou Jesus, não estão fazendo o seu trabalho direito.
O Rio de Janeiro está sem guardião, sem proteção, e a população está cada dia mais perto do inferno. Mas talvez a culpa seja apenas de Castro, que nomeou o diabo como chefe de operações policiais, e achou que o tinhoso e Jesus poderiam atuar juntos na segurança pública, como ele e o deputado TH Jóias trabalhavam juntos no governo do estado. Mais uma prova da incompetência da sua gestão, e do seu descaso com o bem estar de toda a população carioca. A impressão é de que um fantoche está à frente do governo do Rio de Janeiro, protagonizando um espetáculo sangrento e genocida roteirizado pelos interesses de todos os criminosos – fora e dentro da lei – que ajudam a destruir o estado e dividem a população numa plateia que aplaude ou vaia a farsa encenada como combate ao crime.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.




